domingo, 16 de agosto de 2009

Biografia de Antônio Vieira



Padre Antônio Vieira

Padre, orador sacro, missionário, diplomata e escritor português nascido na Freguesia da Sé, em Lisboa, cuja extraordinária obra e religiosidade sempre estiveram ligadas a fatos econômicos e políticos. Filho de um servidor do governo colonial, de origem modesta e com ascendência africana, destacado como funcionário, para trabalhar na Bahia, no Brasil. Morou em Salvador, na Bahia desde seis anos, e fez toda sua educação e formação religiosa no Colégio dos Jesuítas, na então capital da Colônia. Aos 15 anos saiu da casa paterna e ingressou (1623) na Companhia de Jesus, onde se revelou brilhante. Dono de rara inteligência, aos dezessete anos já dominava o latim, a filosofia e a teologia, completou o noviciado (1626) já ensinando retórica na escola de Olinda e foi encarregado de redigir a Carta ânua, relatório dos trabalhos da Companhia.

Ordenado (1635), começou sua carreira de pregador além da luta contra o domínio de Maurício de Nassau, forçado a deixar a Bahia (1638). Iniciando sua atividade de orador sacro, seus sermões desse tempo eram patrióticos, destinados a estimular a luta contra os invasores holandeses. Junto com o filho do governador, levou a Lisboa a adesão do Brasil a D. João IV (1641), colocando-se a serviço do rei como diplomata. Com o apoio do rei criou a Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649), que visava conciliar Portugal e os Países Baixos contra os interesses britânicos, e trabalhou pelo plano, como embaixador, junto ao governo holandês, ao cardeal Mazarin e a judeus da Holanda e de Roma. Porém o projeto fracassou devido, em parte, à insurreição pernambucana, em parte a reações da própria igreja contra a suposta heresia de misturar dinheiro católico e judeu. De volta ao Brasil, dedicou-se a missões de catequese no Pará e no Maranhão (1653-1661).

Dominando sete idiomas indígenas, passou a trabalhar contra o cativeiro e o trabalho forçado dos índios, atraindo a ira dos proprietários de terra maranhenses. Com a morte de D. João IV (1856), o defensor dos judeus e dos índios foi perseguido e acusado de heresia. Levado a Portugal, preso, encarcerado e, condenado pelo Santo Ofício como herege, ficou mais de dois anos na prisão (1666-1667). Porém, sua pena foi posteriormente anulada e, beneficiado pela anistia, depois da deposição de Afonso VI (1669), foi para Roma e, pregando em italiano, fez campanha contra a Inquisição. Também tentou constituir uma nova companhia de comércio, com capitais de cristãos-novos, a fim de favorecer as missões jesuítas no Oriente. Desiludido da empresa, voltou a Lisboa (1675) e, depois, à Bahia (1681). No Colégio da Bahia e na quinta do Tanque, viveu a última fase da vida, inteiramente dedicada à revisão dos sermões e cartas e à conclusão da Clavis prophetarum, onde fez profecias, postumamente publicadas com o título de História do futuro (1718) e morreu em Salvador, Bahia, aos 89 anos de idade dos quais 52 passados no Brasil.

Seus mais de 200 Sermões, obra-prima de pensamento e expressão, foram reunidos em 15 volumes na edição do Porto (1908-1909), e as Cartas, mais de 500, foram organizadas e anotadas por João Lúcio de Azevedo em três volumes, na edição de Coimbra (1925-1928). Como orador sacro deixou fama enorme, não só no Brasil como em Portugal e na Itália, e seus sermões atraiam grande número de ouvintes. Hoje é considerado um dos clássicos de nossa língua e da nossa literatura e leitura obrigatória de quantos queiram conhecer as riquezas do idioma de Camões.


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